Thursday, October 11, 2012

A Espanha e o Hikikomori econômico

Nos anos que antecederam a crise atual, a Espanha demonstrou uma gestão fiscal exemplar, até sob os critérios mais ortodoxos. O país operou até superávits fiscais e adentrou a crise com um endividamento próximo de 27% do PIB, pouco mais da metade do endividamento da Alemanha no mesmo ano.

O advento da crise estressou o sistema de bem-estar social, elevando os gastos públicos, o que, sob um PIB decrescente, resultou em um salto do endividamento para o mesmo patamar da Alemanha (2011).

Hoje, por conta de sua filiação ao Euro, a Espanha não possui moeda própria para desvalorizar e, assim, não pode compensar a perda de competitividade comercial decorrente do cambio real apreciado. Por conta disso e da crise bancária que assola o país, os mercados questionam a capacidade do Estado de honrar suas dívidas e eleva o custo para financiá-las.

Em adição aos custos elevados de captação pública, a Espanha também sofre de restrições à política fiscal, oriundas do Tratado de Maastricht. Em resumo, não pode gastar mais para estimular a economia.

Portanto, para permanecer no Euro, a Espanha abdica totalmente de sua autonomia econômica, não só no que tange à política monetária e cambial, mas também em relação à política fiscal. O resultado são taxas de desemprego acima de 20% (50% entre os jovens) e o prospecto de uma recessão prolongada.

A Espanha deveria se lembrar que o sol ainda pode brilhar, fora da reclusão do Euro.

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