Ontem, para um trabalho do curso de Sistemas de Informação da EACH-USP, escrevi uma reflexão sobre a pandemia em epígrafe, que segue abaixo. Apenas segui o fluxo com informações que tinha de cor, mas que podem facilmente ser verificadas no Google.
Quem sabe a presente pandemia e seu consequente isolamento incubem uma nova vanguarda artística, intelectual e empresarial que vislumbre e empreenda a transformação da humanidade, em direção a um futuro em que a cooperação seja mais que a competição, a vida seja mais que o consumo e a fraternidade seja a maior riqueza.
No primeiro semestre de 2020, o mundo observa uma pandemia em curso,
ocasionada pela Corona Virus Disease - 2019 (Covid-19), cujas consequências já colocam
em xeque paradigmas do sistema econômico atual e transformarão a sua geografia, talvez
de maneira irreversível.
A Covid-19, cujo paciente zero foi identificado em Wuhan na China em 2019, se
alastrou por 182 países até a presente data e tornou-se uma pandemia global, com 3,5
milhões de casos de infecções confirmados e cerca de 250 mil óbitos. Em reação, múltiplos países
têm implementado quarentenas. Por conseguinte, o sistema produtivo global e de comércio
internacional foram acometidos por brusca descontinuidade. Domesticamente, fábricas de
produtos não essenciais interromperam sua produção. Em âmbito internacional, para
cumprir medidas sanitárias, os portos têm aumentado o tempo de liberação de containers,
principalmente provenientes da China, que concentra o maior parque industrial do planeta.
Por um lado, torna-se evidente que a concentração da produção mundial em apenas
um país, a China, carrea fragilidade à cadeia de suprimentos internacional. Por outro lado, a
atitude inicial da China de silenciar o primeiro médico a alertar sobre a Covid-19 aumentou a
desconfiança em relação ao governo do país. Dessa forma, empresas dos EUA, japonesas
e mesmo chinesas já começaram a realocar algumas fábricas para países como Vietnã.
Observa-se que essas empresas já possuíam planos de realocação, em decorrência da
elevação dos salários na China. Porém, sem dúvida, a pandemia precipitou o início da sua
implementação.
Em adição, as quarentenas mostraram que é factível reduzir o impacto ambiental da
humanidade sobre a Terra. Por exemplo, cidades têm observado redução da poluição,
inclusive na Índia o Himalaia voltou a ser visto de pontos em que sua visibilidade estava
prejudicada há décadas. Certamente, o custo econômico é elevado. Só nos EUA, o
desemprego aumentou em cerca de 30 milhões, nas últimas cinco semanas. Entretanto, o
impacto da pandemia é uma oportunidade de repensar o nosso padrão de consumo atual e,
consequentemente, todo o sistema econômico mundial. Será que nós precisamos de todas as mercadorias que deixaram de ser produzidas durante a quarentena? Será que a
humanidade não poderia viver com menos bens materiais e, assim, reduzir sua pegada
ecológica? A maioria da população em distanciamento social tem vivido de maneira
forçosamente minimalista, o que certamente irá engendrar reflexão sobre as necessidades
humanas. Além disso, familiares e amigos cujos entes queridos faleceram por conta da
Covid-19 foram privados de realizar seus velórios. Se isso tem intensificado o período de
luto, também tem apresentado ocasião para as pessoas ponderarem aquilo que é realmente
significativo em suas vidas.
Com auge no século 14, porém com diversos surtos intermitentes posteriores,
julga-se que a peste negra tenha contribuído para o Renascimento, em que a arte, a ciência
e o comércio floresceram e minaram as bases do Sistema Feudal, estrutura que
caracterizou a sociedade da chamada Idade das Trevas. Quem sabe a presente pandemia
e seu consequente isolamento incubem uma nova vanguarda artística, intelectual e
empresarial que vislumbre e empreenda a transformação da humanidade, em direção a um
futuro em que a cooperação seja mais que a competição, a vida seja mais que o consumo e
a fraternidade seja a maior riqueza.
No comments:
Post a Comment