Tuesday, May 5, 2020

Covid-19 e a perspectiva de transformação

    Ontem, para um trabalho do curso de Sistemas de Informação da EACH-USP, escrevi uma reflexão sobre a pandemia em epígrafe, que segue abaixo. Apenas segui o fluxo com informações que tinha de cor, mas que podem facilmente ser verificadas no Google.

Quem sabe a presente pandemia e seu consequente isolamento incubem uma nova vanguarda artística, intelectual e empresarial que vislumbre e empreenda a transformação da humanidade, em direção a um futuro em que a cooperação seja mais que a competição, a vida seja mais que o consumo e a fraternidade seja a maior riqueza.


    No primeiro semestre de 2020, o mundo observa uma pandemia em curso, ocasionada pela Corona Virus Disease - 2019 (Covid-19), cujas consequências já colocam em xeque paradigmas do sistema econômico atual e transformarão a sua geografia, talvez de maneira irreversível. A Covid-19, cujo paciente zero foi identificado em Wuhan na China em 2019, se alastrou por 182 países até a presente data e tornou-se uma pandemia global, com 3,5 milhões de casos de infecções confirmados e cerca de 250 mil óbitos. Em reação, múltiplos países têm implementado quarentenas. Por conseguinte, o sistema produtivo global e de comércio internacional foram acometidos por brusca descontinuidade. Domesticamente, fábricas de produtos não essenciais interromperam sua produção. Em âmbito internacional, para cumprir medidas sanitárias, os portos têm aumentado o tempo de liberação de containers, principalmente provenientes da China, que concentra o maior parque industrial do planeta. 
    Por um lado, torna-se evidente que a concentração da produção mundial em apenas um país, a China, carrea fragilidade à cadeia de suprimentos internacional. Por outro lado, a atitude inicial da China de silenciar o primeiro médico a alertar sobre a Covid-19 aumentou a desconfiança em relação ao governo do país. Dessa forma, empresas dos EUA, japonesas e mesmo chinesas já começaram a realocar algumas fábricas para países como Vietnã. Observa-se que essas empresas já possuíam planos de realocação, em decorrência da elevação dos salários na China. Porém, sem dúvida, a pandemia precipitou o início da sua implementação. 
    Em adição, as quarentenas mostraram que é factível reduzir o impacto ambiental da humanidade sobre a Terra. Por exemplo, cidades têm observado redução da poluição, inclusive na Índia o Himalaia voltou a ser visto de pontos em que sua visibilidade estava prejudicada há décadas. Certamente, o custo econômico é elevado. Só nos EUA, o desemprego aumentou em cerca de 30 milhões, nas últimas cinco semanas. Entretanto, o impacto da pandemia é uma oportunidade de repensar o nosso padrão de consumo atual e, consequentemente, todo o sistema econômico mundial. Será que nós precisamos de todas as mercadorias que deixaram de ser produzidas durante a quarentena? Será que a humanidade não poderia viver com menos bens materiais e, assim, reduzir sua pegada ecológica? A maioria da população em distanciamento social tem vivido de maneira forçosamente minimalista, o que certamente irá engendrar reflexão sobre as necessidades humanas. Além disso, familiares e amigos cujos entes queridos faleceram por conta da Covid-19 foram privados de realizar seus velórios. Se isso tem intensificado o período de luto, também tem apresentado ocasião para as pessoas ponderarem aquilo que é realmente significativo em suas vidas. 
    Com auge no século 14, porém com diversos surtos intermitentes posteriores, julga-se que a peste negra tenha contribuído para o Renascimento, em que a arte, a ciência e o comércio floresceram e minaram as bases do Sistema Feudal, estrutura que caracterizou a sociedade da chamada Idade das Trevas. Quem sabe a presente pandemia e seu consequente isolamento incubem uma nova vanguarda artística, intelectual e empresarial que vislumbre e empreenda a transformação da humanidade, em direção a um futuro em que a cooperação seja mais que a competição, a vida seja mais que o consumo e a fraternidade seja a maior riqueza.

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