Sempre que são divulgados os números das contas públicas, há uma reação jornalística tendente à exacerbar a gravidade da situação. Não raro apoia-se em aspecto menos relevante para justificar o tom alarmista. Por exemplo, quando divulgado o superávit primário de setembro/2013, ressaltou-se que foi o pior resultado para o mês de setembro, a contar desde 1997.
Contudo, se olharmos para os indicadores relevantes, a situação sequer é preocupante. Os fatos são os seguintes:
1. O superávit primário acumulado em 12 meses, como proporção do PIB, tem mostrado tendência de queda, desde meados de 2011. Contudo, o déficit nominal, em termos equivalentes, não parece destoar da evolução recente
2. A razão dívida líquida sobre PIB permanece em clara trajetória decrescente, enquanto a dívida bruta ocupa fração estável do PIB.
3. O déficit nominal acumulado em 12 meses (set/2013) se encontra em patamar semelhante ao de Índia, UK, França e EUA, antes da atual recessão (dados de 2007, para os demais países).
4. O superávit primário acumulado em 12 meses (set/2013) ainda é mais elevado que o de países como Coréia do Sul, Índia, EUA, UK e Japão, no ano que antecedeu a crise (2007).
5. O endividamento bruto até set/2013 ainda figura bastante abaixo do patamar dos países desenvolvidos.
6. O endividamento líquido permanece bastante abaixo do patamar ostentado pelos países desenvolvidos.
Enfim, os dados de endividamento bruto e superávit primário não mostram contas públicas robustas, mas estão longe de justificar o tom catastrófico das manchetes.






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